
O dilema após a extração dentária
Perder um dente ou enfrentar uma extração é uma situação delicada que traz um dilema comum: colocar um implante dentário imediatamente ou esperar alguns meses? Por um lado, há a preocupação de ficar sem dente por muito tempo e sofrer reabsorção óssea no local; sabe-se que após uma extração a crista alveolar pode perder cerca de 23% do volume ósseo em 6 meses, chegando a 34% em 2 anos (principalmente na parede vestibular). Essa perda óssea pode dificultar reabilitações futuras. Por outro lado, há o receio de colocar um implante em condições inadequadas e sofrer complicações como infecção ou falhas estéticas. Decidir entre o implante imediato e a espera torna-se um verdadeiro dilema para pacientes e clínicos, pois ambas as opções têm prós e contras que precisam ser cuidadosamente ponderados.
Quando o “quanto antes melhor” pode ser um erro
Logo após a extração, o organismo inicia um processo natural de reabsorção óssea. Nos primeiros meses, o osso que sustentava o dente começa a diminuir em altura e espessura. Em alguns casos, esta perda pode ultrapassar 30% no primeiro semestre.
É esta perda que leva muitos profissionais a considerar o implante imediato. A ideia é aproveitar o momento em que o osso ainda mantém a sua forma original, evitando a reabsorção que dificulta o tratamento mais tarde.
Contudo, há um outro lado: se o local apresentar infeção, inflamação, perda óssea avançada ou gengiva muito fina, colocar um implante logo após a extração pode ser arriscado. Sem estabilidade primária, o implante pode falhar; sem gengiva suficiente, pode comprometer a estética.
Ou seja, a rapidez só é vantajosa quando as condições são ideais. Colocar um implante num ambiente desfavorável pode obrigar a cirurgias de correção e prolongar o tratamento que se queria acelerar.

Logo após a extração, o organismo inicia um processo natural de reabsorção óssea. Nos primeiros meses, o osso que sustentava o dente começa a diminuir em altura e espessura. Em alguns casos, esta perda pode ultrapassar 30% no primeiro semestre.
Vantagens reais do implante imediato
Quando bem indicado, o implante imediato pode trazer benefícios importantes.
A primeira vantagem é a preservação do osso alveolar. Ao colocar o implante logo após a extração, evita-se que o alvéolo fique vazio, o que ajuda a manter o volume e a forma do osso.
Outra vantagem é o menor número de cirurgias. O paciente passa por apenas um procedimento, o que reduz desconforto, tempo de recuperação e custos.
Em casos estéticos – como dentes anteriores – há ainda a possibilidade de colocar uma coroa provisória no próprio dia da cirurgia. Isso evita ficar sem dente visível e contribui para manter o contorno natural da gengiva.
Além disso, o cirurgião tem referências anatómicas precisas no momento da extração, o que facilita o posicionamento do implante e melhora a previsibilidade da prótese futura.
Mas estes benefícios só se confirmam se houver diagnóstico rigoroso e planeamento digital adequado. É esse o ponto que diferencia um sucesso previsível de um risco desnecessário.
Quando é realmente indicado
O implante imediato é indicado quando se verifica um conjunto de condições muito específicas.
O osso deve estar íntegro, sem sinais de infeção, e deve permitir que o implante fique estável desde o primeiro momento. Essa estabilidade é essencial para a integração óssea posterior.
A gengiva também deve apresentar um biotipo espesso e saudável, capaz de selar bem o implante e evitar retrações. Pacientes com gengiva muito fina têm maior risco de exposição do metal e falhas estéticas.
Outro requisito é a ausência de infeções ativas. Dentes com abscessos, fístulas ou inflamações severas exigem tempo de recuperação antes de qualquer implante. O mesmo se aplica a casos em que a extração causa perda da parede óssea vestibular – a estrutura frontal do osso que dá suporte à gengiva.
Em contrapartida, quando o dente é extraído por fratura, cárie profunda ou falha de tratamento endodôntico, e não há infeção, o implante imediato pode ser uma excelente opção.
Também é particularmente indicado em dentes unitários e zonas estéticas, onde o objetivo é preservar o contorno gengival e evitar a reabsorção. Nestas situações, o resultado funcional e visual tende a ser mais previsível.
Quando esperar é mais seguro
Existem casos em que a melhor decisão é aguardar.
Quando o osso apresenta defeitos ou cavidades após a extração, é preferível realizar uma regeneração óssea antes da colocação do implante. O mesmo se aplica a pacientes com doenças sistémicas mal controladas, fumadores pesados ou baixa densidade óssea.
Nestes cenários, o cirurgião pode optar por uma abordagem em duas fases: primeiro trata-se o local com biomateriais (enxertos ósseos e membranas reabsorvíveis), permitindo que o osso cicatrize; depois, entre 8 semanas e 6 meses mais tarde, o implante é colocado em condições ideais.
Esta abordagem também é mais segura quando há perda da parede vestibular. A reconstrução óssea imediata é tecnicamente possível, mas aumenta o risco de complicações se o tecido não estiver saudável.
Finalmente, o fator experiência conta: um implante imediato requer elevada precisão técnica. Profissionais experientes em cirurgia oral e em planeamento digital conseguem avaliar o volume ósseo, a posição do nervo e o alinhamento da futura coroa com muito mais exatidão.
Por isso, o melhor momento para colocar um implante não é definido pelo relógio, mas pelo estado biológico e anatómico de cada paciente.
Decidir com confiança: o tempo certo para cada paciente
A pressa em repor um dente é compreensível – ninguém gosta de esperar para voltar a sorrir. Mas em medicina dentária, segurança e previsibilidade valem mais do que velocidade.
O implante imediato é uma técnica moderna e eficaz, mas deve ser usada apenas quando todos os critérios clínicos e anatómicos são favoráveis.
Em muitos casos, esperar algumas semanas permite tratar infeções, recuperar os tecidos e preparar o osso com enxertos. O resultado final é um implante mais estável, mais estético e mais duradouro.
O papel do dentista é avaliar cada caso de forma personalizada, recorrendo a tecnologia 3D, biomateriais e protocolos cirúrgicos precisos para definir o momento ideal.
Se o teu caso permitir um implante imediato, ótimo – poderás beneficiar de um tratamento mais rápido e menos invasivo. Se não, aguardar será a escolha mais sensata para garantir o sucesso a longo prazo.
Em qualquer das situações, o essencial é falar com o implantologista, esclarecer dúvidas e compreender que a decisão certa é sempre aquela que prioriza a tua saúde e o teu conforto.
Se tiveres dúvidas, estaremos à disposição.
Referências
- Atieh MA, et al. (2021). Interventions for replacing missing teeth: alveolar ridge preservation techniques for dental implant site development. Cochrane Database Syst Rev, 4: CD010176. https://doi.org/10.1002/14651858.CD010176.pub3
- Chen ST, Buser D. (2009). Clinical and esthetic outcomes of implants placed in postextraction sites. Int J Oral Maxillofac Implants, 24 Suppl:186–217. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19885446/
- Lang NP, Pun L, Lau KY, Li KY, Wong MC. (2012). A systematic review on survival and success rates of implants placed immediately into fresh extraction sockets. Clin Oral Implants Res, 23 Suppl 5:39–66. https://doi.org/10.1111/j.1600-0501.2011.02372.x

